A Coreia do Norte, país de referência para o MPLA, está a obrigar os cidadãos a entregar os cães às autoridades devido à “escassez de alimentos” no país. Segundo o “querido líder” Kim Jong-un, ter um animal de estimação é “um símbolo da decadência capitalista”.
Conta a Sky News que os populares estão preocupados com a possibilidade de o governo vender os animais a restaurantes que tenham carne de cão no menu.
De acordo com a publicação britânica, Kim Jong-un pretende desta forma “apaziguar” o crescente descontentamento da população com a crise económica que o país atravessa.
Além disso, o líder da Coreia do Norte acredita que ter cães como animais de estimação é “um símbolo da decadência capitalista” e por isso estes devem ser confiscados aos donos.
Kim proibiu a posse de animais de estimação em Julho, defendendo que esta é uma “tendência manchada pela ideologia burguesa”, revelou o jornal sul-coreano Chosun Ilbo.
“As autoridades identificaram todas as famílias com cães e estão agora a forçá-los a entregar os animais ou então confiscam-nos à força”, descreveu uma fonte.
De acordo com a mesma publicação, alguns dos animais estão a ser enviados para jardins zoológicos do estado e outros estão a ser vendidos a restaurantes que vendem carne de cão. Recorde-se que a carne de cão é popular na China e na Coreia, embora o seu consumo esteja a diminuir na Coreia do Sul.
Por cá os cães, os que são do MPLA, têm mais sorte. Razão tinha o falecido general Kundi Paihama, quando, no dia 12 de Janeiro de 2008, “botou faladura” num comício na sede do Município da Matala e disse: “Durmo bem, como bem e o que restar no meu prato dou aos meus cães e não aos pobres”. Na altura os cães ficaram agradecidos e retribuíram: “O nosso dono é muito muito bem mandado. Obediente, brincalhão, carinhoso, esperto – só lhe faltava ladrar. Por enquanto.
Muitos leitores do Folha 8 mostraram interesse em recordar um pouco mais sobre esta história, verídica. É isso que fazemos agora, até porque alimentar a memória é um acto nobre embora, reconhecemos, possa significar um caso de rebelião ou um atentado contra a segurança do Estado.
Discursando em Agosto de 2012 no Estádio Nacional de Ombaka (Benguela) o então ministro dos Antigos Combatentes e Veteranos da Pátria, general Kundi Paihama, disse que os que lutarem contra o MPLA e contra José Eduardo dos Santos “vão ser varridos”.
E se Kundi Paihama o disse é porque era verdade. O regime, ou seja o MPLA, há muito que começou – embora de forma mais subtil – a pôr a razão da força acima da força da razão, mostrando que só é possível haver paz e democracia em Angola se tudo continuar na mesma.
Ao contrário do que acontecera em 2008, o regime tinha em 2012 (tal como teve em 2017) indicações fidedignas de que os mortos se recusariam a votar no MPLA. Isso não foi, não é nem será impeditivo de uma solução alternativa, testada com êxito nas anteriores eleições, em que em alguns círculos eleitorais apareçam mais votos do que votantes.
Se se estivesse a falar de um Estado de Direito e de uma comunidade internacional honesta, seria criticável que o partido que governa Angola desde 11 de Novembro de 1975 sentisse necessidade de usar a intimidação violenta para ganhar eleições.
Mas como nada disso se passa, tudo vai continuar a ser feito por medida e à medida do MPLA. É para isso que as riquezas existem.
E porque o regime só reconhece a existências de um único deus, Agostinho Neto, não admite que existam dúvidas, não aceita que a sua liberdade termine onde começa a do Povo. Vai daí, intimida, ameaça, espanca, rapta e mata quem tiver a veleidade de contrariar o “querido líder” que, hoje, é um sério candidato a destituir Agostinho Neto.
Como dizia o bispo emérito de Cabinda, Paulino Madeca, “quando um político entra em conflito com o seu próprio povo, perde a sua credibilidade, torna-se um eterno ditador”. Foi assim com Agostinho Neto e José Eduardo dos Santos. Está a ser assim com João Lourenço.
Por alguma razão Kundi Paihama, tal como os restantes sipaios do regime, pedia insistentemente aos militantes do seu partido para que controlassem “milimetricamente” todas as acções da oposição, para não serem “surpreendidos”.
Razão tinha, aliás, Kundi Paihama quando dizia: “Durmo bem, como bem e o que restar no meu prato dou aos meus cães e não aos pobres”.
E por que não vai para os pobres?, perguntam vocês, nós também, tal como os milhões (ou serão só meia dúzia?) que todos os dias passam fome. Não vai porque não há pobres em Angola. E se não há pobres, mas há cães… é preciso alimentá-los bem.
E se todos fizessem como defendia Kundi Paihama, não haveria cães com raiva. Continuaria a haver, é claro, angolanos a morrer à fome. Mas entre morrer à fome e morrer contaminado com raiva…
“Eu semanalmente mando um avião para as minhas fazendas buscar duas cabeças de gado; uma para mim e filhos e outra para os cães”, explicava Paihama.
Não admira, por isso, que todos os angolanos procurem, afinal, ter a mesma sorte que os cães de Kundi Paihama e não do eterno amigo do MPLA, Kim Jong-un. Tiveram, contudo, pouca sorte. Os cães que lhes tocaram em sorte estão cheios de raiva.
É claro que, embora reconhecendo a legitimidade que os cães do MPLA têm para reivindicar uma boa alimentação, não se pode deixar de dar um conselho aos milhões de angolanos que são gerados com fome, nascem com fome e morrem pouco depois com fome.
Não. Não se transformem em cães para ter um prato de comida. Reivindiquem o direito tão simples de comer como os cães de Kundi Paihama.